Hoje a noticia do dia, aparte da selecção de futebol e do Euro 2012, foi o projecto de encerramento de alguns tribunais, em especial no interior norte do país.
Desde já alerto que considero que todos os cidadãos devem ter direito à justiça e não vou condenar os que defendem a manutenção dos mesmos nem os que defendem o seu encerramento.
O que condeno é a cobertura sensacionalista por parte da comunicação social ao facto. Um dos canais chegou mesmo ao ponto de contabilizar o número exacto de pessoas que irão ficar "sem Juiz" - 97 000 ao que parece.
É de facto noticia 97 mil cidadãos ficarem sem Juiz. O problema é que não vão ficar sem Tribunal. Este apenas se vai mudar para outra localidade, centralizando comarcas e, espera-se, reduzir custos (não sei se alguém se recorda, mas estamos falidos...).
O que faltou na notícia foi perguntar aos entrevistados - àqueles já com o discurso preparado para as perguntas dos jornalistas, do tipo cassete que se revolta contra qualquer decisão dos Governos que afecte o seu quintal -, quantas vezes na vida se deslocaram ao tribunal que agora não querem ver encerrado.
E as vezes que foram assistir a algum julgamento mediático só porque não tinham que fazer nesse dia não conta!!!
E perguntar aos mesmos quantas vezes por dia se metem no carro para ir ao Centro Comercial lá da zona - que por acaso fica na mesma localidade para onde vai passar o tribunal extinto...ou ao café...ou comprar o jornal...ou...
E já agora perguntar ao Ministério da tutela, quantos processos importantes - estou a excluir os das contas por pagar e afins porque para mim esses nem deviam ocupar Juízes - foram efectivamente julgados nesses mesmos tribunais.
E já agora perguntar quanto custa manter esses tribunais abertos e daí fazer uma análise custo/beneficio e então tirar as conclusões correctas.
Pegar num número e fazer uma caixa de meio ecrã é sensacionalismo e não me parece correcto.
Tirar o acesso à justiça a todos também não.
Já melhorar as condições dos profissionais da justiça e torná-la eficiente sim, é uma prioridade.
Se é preciso extinguir tribunais para que isso aconteça, então que se faça.