Qual é o problema? Qual é o problema de um líder de um partido manter o compromisso que assumiu com um candidato independente e com os eleitores do seu partido?
Obviamente que muitos dos que votaram no PSD para as eleições legislativas do passado dia 5 de Junho, não o fizeram com o objectivo de ter Fernando Nobre como 2ª figura da República Portuguesa.
Mas se o presidente do PSD achou que essa era a melhor solução para o cargo e se mesmo contra todas as previsões que davam como certa a derrota do seu candidato ao lugar, manteve o seu apoio ao candidato, creio que se devia enaltecer a posição do líder do PSD por manter o compromisso (coisa que eu sei os portugueses não estavam habituados a ver num político).
Acima de tudo creio que se devia enaltecer a posição de Fernando Nobre que, ao perceber que não haveria consenso no resultado, retirou a sua candidatura.
Não vejo em Fernando Nobre as qualidades políticas (e este cargo é um cargo politico) necessárias para exercer da melhor forma as funções para as quais se candidatava e portanto não estou decepcionado com o resultado.
Porém, se por um lado estou um pouco desiludido com a leitura da situação política por parte do PSD e de Pedro Passos Coelho, pois apesar das boas intenções em levar um independente a liderar a AR (de que eu discordo), não o deveria ter feito com uma personalidade que já sabia não iria reunir consenso, por o outro estou satisfeito por finalmente ver alguém a tomar decisões e a arriscar novos cenários políticos sem o calculismo político que reinou nos últimos 6 anos.
Pedro Passos Coelho saberia melhor que ninguém que a aposta era arriscada e que arriscaria mesmo perder esta votação. Mesmo assim, seguiu a sua convicção e manteve o compromisso assumido. Umas vezes ganha-se e outras perde-se.
No fim, espero que tudo somado ganhe o País.
Fiquei também muito pasmado com a cobertura jornalística que hoje foi feita ao primeiro dia do novo Parlamento e em especial à cobertura dada a Fernando Nobre.
Foram deprimentes as alusões ao facto de que ninguém falava com ele, quase como se de um "desgraçadinho" que por ali deambulava sem ninguém lhe dirigir a palavra e que ninguém cumprimentava e que, quando o faziam, não estavam mais do que uns segundos à conversa com o senhor. So what?
Será isto jornalismo? Será isto notícia? Será mesmo isto que os portugueses querem ver ou saber?
Notícia foi: Fernando Nobre não teve os votos suficientes para ser eleito e o PSD terá de encontrar um novo candidato. PSD perdeu a aposta, mas manteve a palavra! E o CDS mostrou ao PSD que terá de contar mesmo com ele para tudo o que quiser aprovar na AR.
Notícia será: Fernando Nobre irá manter-se como deputado até quando e como irá resolver ele a sua renúncia ao cargo de deputado (sim, porque não tenho muitas dúvidas de que o fará mais tarde ou mais cedo)?
Tudo o resto foi folclore e serviu para nada.
1 comentário:
Não podia estar mais de acordo contigo, Luís!!!
Devo admitir que fiquei feliz por aquele senhor não ter sido eleito. Acho que ele é dotado de uma incomensurável falta de vergonha na cara. No entanto, e como bem disseste, isto não foi uma derrota política do PSD e do PPC (porque, à partida seria de esperar que isto pudesse acontecer), foi apenas o reconhecimento da falta de capacidade e de dignidade política de Fernando Nobre para ocupar o cargo a que se candidatava.
Que a escolha de Nobre foi um erro estratégico de Passos Coelho não tenho a menor dúvida. Mas que levar até ao fim a sua promessa inicial foi um acto de grande coragem política, mesmo sabendo que corria o risco de perder, também não.
Hoje fez-se história na política nacional, por bons motivos (que me desculpem os "fãs" de Fernando Nobre).
E em relação à actuação dos jornalistas... nem comento...
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